sexta-feira, 27 de novembro de 2009

June, A caída.


O vento soprava com certa força, penas voavam pelas árvores dançando no ar ao sabor do vento, sem qualquer direção definida.Apenas voavam.A lua aparecia por entre as diversas nuvens que cobriam o manto noturno das estrelas, negando a presença dos belos pontos brilhantes.Os olhos marejados pelas lágrimas precipitavam na face, escorrendo pela pele enrubescida e delicada.Pequenas gotas que marcavam uma triste noite.Os braços frágeis tentavam envolver o próprio corpo, impedindo que o calor saísse, que a deixasse como tantas outras coisas que tivera.As pernas buscavam entrar por debaixo do vestido branco em trapos, buscando um local quente para se aquecerem.Não queriam andar, não mais.O escuro da floresta assustava-a, ao menos na clareira lhe restava a luz breve da lua.As asas abertas aproximavam-se do corpo, queria aconchegá-lo no calor das leves plumas, mesmo que elas estivessem caindo, ainda lhe restaria algo.O vento levava os cabelos brancos a flutuar no ar, cobrindo-lhe a face tristonha.Não havia nada o que fazer, não se lembrava de que tinha que fazer, algo dentro de si dizia que tinha culpa, que tinha feito algo errado.Seus olhos enchiam ainda mais de tristeza ao saber disso, ao sentir isso.Tentou afastar os pensamentos ruins que lhe rondavam a mente, queria sentir-se melhor.Fechou-se em seu próprio corpo, deixou que ele se esquentasse, o frio teria que ceder a luz da manhã, ou não.Vagarosamente deixou que seu corpo caísse, que o chão a convidasse para descansar junto a ele.Já não agüentava mais chorar, já não queria mais sentir aquilo.Queria apenas dormir, descansar, se lembrar de algo que a levasse a dar um sentido para aquilo tudo que lhe acontecia.As penas continuavam a abandoná-la, iam flutuando pelo ar.O corpo cansado de June pousava no chão, sua mente abandonava a consciência, deixava que a paz chegasse, que o sono viesse.Os olhos prateados fecharam-se, as duas ultimas gotas de lágrimas escorreram, enfim o vento cedeu.Ela adormecera por entre as raízes de uma árvore, fazendo do chão sua cama e do céu a sua coberta.


(Imagem gentilmente doada por alguém que não conheço)

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