quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O fim.

A doce morte

O cavalo andava vagaroso, altivo, parecia perceber a vitória que tivera, ele também fazia parte dela.Os olhos negros fitavam o horizonte que enegrecia, parecia anunciá-la para todos os cantos.Ela trazia consigo a dor, a coragem tremia diante dela, muitos acharam que eram mais fortes, mas eram tolos, todos são antes de enfrentá-la.

Os passos ficavam mais lentos, findavam. O suspense do silêncio tomava o ar ao redor dela.O pé descalço tocou o solo encharcado de sangue.Cada centímetro colorido pelos resquícios da guerra, corpos inertes, olhares vazios de morte ao céu.Ela não se importava, apenas tinha um trabalho a fazer.O vestido cobriu seus pés, caiu por sobre a terra rubra. Os cabelos escuros foram movidos por uma brisa de anunciação, fria, sem sentimento, vazia, as chamas pareciam brotar em meio os espaços dos fios. Séria, sem expressão, uma estátua com movimentos, andou em direção a ele, sim, ele não tinha nome, tinha apenas destino.A linha fina e frágil da vida humana ainda fluía dele para as mãos das fiandeiras.Inspirou o ar banhado a sangue e podridão de corpos em decomposição.Ergueu a mão com a espada, o metal nem ao menos reluzia, o sangue de outros ainda estavam cobrindo a frieza do material. Nenhum grito, nenhum suspiro, apenas o silêncio, até que a espada chegasse no novelo dele e findasse com o fio.Era o fim.O último, o final, o objetivo.Nada de bradar aos ventos a isso, não tinha que cantar seus feitos, era apenas trabalho.

Quanto a ele.

Ele acabara de ver a doce morte, sentir o metal acalentador de sofrimentos, ouvir o último suspiro.A negra imagem parou em meio aquele lugar, observou seus feitos, não sabia se deveria se orgulhar ou se deveria se rebelar, então apenas observou, viu a ela mesma em todos os cantos. Sentiu o sabor de ser o fim.

Imagem de Kyri Koniotou,retirada de epilogue.net

Um comentário:

Thalita Guerini disse...

Sombrio...mas muito bonito!!

=*